domingo, 18 de novembro de 2007

Serviço público

Ora, não é difícil encontrar em diversos veículos de informação de grande circulação o slogan ¨estar bem informado¨. Não podemos condena-los, afinal, eles estão vendendo o seu produto, e quem não confiaria em seu próprio taco??

Acontece que tais veículos informam de um dado lugar, por uma dada perspectiva, defendendo um certo grupo de interesses. O grande problemasé que a grande imprensa, essa que nos é mais facilmente acessível, é quase (ousaria dizer totalmente) controlada por poucos grandes grupos, influenciando sobremaneira a opinião pública tupiniquim.

A situação poderia ser pior, se não fosse a internet. Através dela, é possível ter acesso às múltiplas faces da notícia, a diferentes perspectivas e opiniões. Manter-se informado não é saber muito sobre tudo, é ter informações suficientes para saber quais são os interesses em jogo. É saber o suficiente (que só você saberá quando chegar) para julgar criticamente o assunto em pauta.

A crítica individual parte também de um lugar, assim como as opiniões das empresas midiáticas. Esse lugar é definido não somente pelo grau de informações que se possui, mas também pelos seus valores (aqueles passados pela família e pelos meios sociais em que se vive). A relação entre a circulação de informações e os valores de uma dada sociedade é recíproca, ou seja, uma interage com a outra numa relação dinâmica. Porém, numa sociedade onde a imprensa é dominada por poucos e poderosos grupos de interesse, diminui-se o leque de perspectivas para se construir um juízo crítico sobre algo. Constrói-se assim, por esses grupos, geralmente ligados ao poder político vigente, um espaço de hegemonia.

Não obstante, o advento da internet possibilitou um acesso mais diversificado à informação, assim como um espaço mais aberto de expressão para os indíviduos. Infelizmente, não podemos falar em espaço democrático, pois a maioria da população brasileira e mundial ainda é excluída desse bem. Mas ela já se constitui num importante veículo para a promoção de uma verdadeira e autêntica opinião pública, onde a liberdade de expressão e o debate de idéias ocorrem quase plenamente. É esse o tipo de serviço ideal que as inovações tecnológicas devem dispor para um progresso verdadeiro, a busca de uma sociedade onde as diferenças possam conviver num mesmo espaço.

Alguns sites muito bons para quem quer estar ¨bem informado¨:

Agência Carta Maior:http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?alterarHomeAtual=1

Brail de Fato:http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia

Revista Caros Amigos:http://carosamigos.terra.com.br/

Correio da Cidadania:http://www.correiocidadania.com.br/

Agência Brasil/Radiobrás:http://www.agenciabrasil.gov.br/

Ciranda Internacional de Informação Independente: http://www.ciranda.net/spip/

Rebelion:http://www.rebelion.org/

Observatório da Imprensa:http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/index.asp

Imprensa Marrom:http://imprensamarrom.com.br/

domingo, 11 de novembro de 2007

Chaplin e a História

11/11/2007
Quando se avalia algum tipo de arte ou conhecimento, faz-se essa avaliação de acordo com algumas regras e padrões, para avaliar o grau de ruptura e transformação que dada produção ocasionou dentro de seu campo. Porém, a percepção do homem é falha, e algumas grandes obras só são reconhecidas muito tempo depois pela coletividade, enquanto genial ou visionária.

Aqui falarei novamente de cinema. Tratarei de um chamado ¨clássico¨, uma obra que até hoje espanta pela sua capacidade de perceber o que ninguém percebia em um momento histórico específico. Falo aqui de ¨O Grande Ditador¨, primeiro filme falado de Charles Chaplin. Lançado em 1940, mas pensado e elaborado nos dois anos anteriores, Chaplin faz uma crítica mordaz aos fenômenos fascistas em pleno apogeu na Europa, exatamente num momento em que tais líderes eram ignorados em suas atrocidades pelos grandes chefes das chamadas ¨democracias¨. Naquele momento, o totalitarismo foi visto como uma forma de se combater a crise econômica pós-29 e o avanço do comunismo. Nesse espaço de cegueira política, Chaplin, abandonando seu Carlitos, satiriza e ridiculariza o Fuhrer alemão, apontando a irracionalidade e criticando o ponto em que o mundo dito progressista havia chegado naquele instante. Seu olhar é de percepção profunda, ao iniciar o filme na Primeira Guerra Mundial, enxergando a ascensão do nazismo como um processo longo, e não uma emergência pragmática. Outro aspecto interessante do filme é a crítica à tecnologia, onde aparece a citação de uma invenção, um gás venenoso, que teria um incrível poder de matar. O fenômeno dos extermínios nas câmaras de gás só apareceria depois de 1940.

No riso da caricata representação de Mussolini e Hitler, o ridículo aparece como uma forma de crítica. De repente, dentro do ridículo, aparece a beleza, o abuso da linguagem cinematográfica numa metáfora ao poder. O ditador do país imaginário Tomânia, Adeline Hinkler, após ouvir de seu ministro de propaganda as possibilidades de seu poder, de vir a ser imperador do mundo, do universo, entra em estado de encantamento. Começa então a brincar com o globo que se encontra em sua sala. Naquela dança, a ingenuidade de um homem que quer dominar o mundo, encenado numa cena bela, a visão de poder do tirano. Talvez a mais memorável cena do cinema.

O filme se encerra com um longo discurso do barbeiro judeu (quase Carlitos), confundido com Hinkler. Seis minutos, nenhum elemento de cena, somente Chaplin e o espectador. Naquele momento, não Hinkler, não o barbeiro, mas Chaplin, encontra um meio de expressar sua opinião, de um contexto ficcional para a realidade, sobre a situação do mundo naquele momento. Faz uma mordaz crítica ao progresso, a ciência, a máquina, enquanto instrumentos de poder para subjugar o homem. Prega então um progresso espiritual, o valor da liberdade, a saída das trevas para um mundo de luz. A ciência e o progresso, no mundo regido pela razão, devem servir ao homem para o bom convívio, à ventura de todos, brancos, negros, gentios... Ciência, progresso, democracia, liberdade, luzes, razão...É um vocabulário que está imerso no universo mental de um mundo hipnotizado pela máquina. Mas Chaplin, homem da arte, na sua construção discursiva, dá valor ao lado mais importante da razão e do progresso, que não só naquele momento, como até hoje (nisso o filme permanece atual), permanece esquecido: a felicidade dos homens.

Discurso final de ¨O Grande Ditador¨

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar a todos - se possível - judeus..., o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas,
precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora...milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes.

Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação
regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão!

Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos.

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!

No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah?! O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e
da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.

Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

domingo, 4 de novembro de 2007

Melhores e Piores Vozes de todos os tempos

O mundo contemporâneo e, ainda mais, o do entretenimento, adora listas. Existem melhores e piores para tudo, com colocações discriminadas detalhadamente. Obviamente, que a maioria dessas listas utilizam critérios arbitrários, além de serem somente veículos de publicidade eficientes dentro de uma sociedade competitiva. Mas não posso negar, é muito divertido discutir essas listas. A última saiu na revista britânica de música Q Magazine, relacionando as melhores e piores vozes de todos os tempos. Vamos aos 10 primeiros de cada um:

As dez melhores vozes:

1. Elvis Presley: colocou sexo no rock;
2. Aretha Franklin: destreza e poder;
3. Frank Sinatra: fluência e fraseado;
4. Otis Redding: intoxicante;
5. John Lennon: expressivo;
6. Marvin Gaye: voz de anjo preso em corpo de homem;
7. Kurt Cobain: angústia adolescente;
8. Robert Plant: dono de um falsete comovente; .
9. Mick Jagger: timbre perfeito para uma estrela do rock;
10. Jeff Buckley: roqueiro dos roqueiros, com estensão vocal igual à de Pavarotti

As dez piores:

Ozzy Osbourne
Mariah Carey
Fred Durst (Limp Bizkit)
Yoko Ono
Einar (Sugarcubes)
Heather Small (M People)
Bobby Gillespie (Primal Scream)
Nick Hayward (Haircut 100)
Céline Dion
"qualquer cantor de death metal"

Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/03/070305_musica_qmagazine_mv.shtml