domingo, 15 de março de 2009

O ópio do povo

Excelente trabalho de campo antropológico frequentar uma "pelada" semanal no Rio de Janeiro. Nada contra o caráter lúdico dos jogos, o fato daquele momento ser esperado pelos estimados assalariados para espantar os seus fantasmas e encontrar algo pelo que esperar nessa vida repetitiva. Talvez exatamente por isso o futebolzinho de sábado devesse ser um momento de alegria e de gozação. Mas o que acontece é exatamente o contrário. Para alguns, , acaba se tornando mais uma repetição do selvagem mundo que vemos todos os dias em nosso trabalho, um ambiente de competição, onde se que ser melhor do que o outro custe o que custar, e se denigre o semelhante para se mostrar mais capaz.

Assim, o que se vê são frustrados, que na busca de afirmação tratam um momento de descontração como coisa mais séria do mundo, somente para mostrar que ali, dentre o séquito masculino, sua crista é maior, e no futebol, a expressão máxima do que seria "a criatividade do homem brasileiro", ele é o melhor, o bem-sucedido, o ego a ser inflado. E isso não se afirma pelo talento(posto que se houvesse estariam em algum clube vivendo disso).Se humilha, chama-se o companheiro de burro, impoe-se o macho no movimento que ofende o corpo alheio. Tudo para na segunda-feira ser vítima mais uma vez da humilhação do capital, das responsabilidade da família, da irracionalidade de nossa sociedade.

Talvez o futebol seja realmente o ópio do povo brasileiro, dentre tantos outros entorpecentes disponíveis.

Um comentário:

Anônimo disse...

olá, marcelo...
pois é...eu não sei como você encontrou aquele meu recanto abandonado, mas enfim,
realmente havia um texto ali...o problema é que ele não sobreviveu à minha insegurança e ao meu orgulho...
O seu blog é muito bom, voltarei aqui mais vezes!
E quem sabe eu vá reescrever aquele texto...