sábado, 15 de novembro de 2008

Ansiedade (II)

É como se o tempo estivesse prestes a se esgotar. Porém, os segundos e minutos passam com a velocidade das horas. Eu preciso, necessito. Parece a última oportunidade, o instante final da chance de sentir aquele prazer.

O pensamento não consegue desviar-se, fixa-se num ponto e oprime o corpo. A razão cede aos argumentos incontestáveis do desejo. A impossibilidade surge como uma sentença de morte. ¨-Só mais uma, dê a si um último momento de fraqueza. Mais esse, vai... Relaxe, não se puna tanto.¨

O ar torna-se rarefeito. Não é possível ficar parado, nem respirar fundo. A tensão penetra nos músculos, injeta adrenalina nas veias. O coração acelera quando tento resistir. É necessário consumir. Inquieto, procuro algo para pegar, suportar o peso. Os sentidos, com fome, agem como um verme parasita que absorve qualquer forma de reflexão. A coordenação motora submete-se às ordens dessa vontade incontrolável.

Agarro os cabelos com força, fecho os olhos, tento negar. Não há alternativa. Fato consumado vorazmente, o alívio.. Imerso na culpa, faço um juramento silencioso, de que resistirei, de que acharei uma cura para essa doença.

Momento de Lucidez: Por quê não, sentir plenamente a frustração, a ansiedade? Não buscar curá-las, como uma doença, mas tentar compreender os seus efeitos, vivenciando-os plenamente?

2 comentários:

Unknown disse...

Se não lesse todo post acabaria o acusando, muito sutilmente, de uma experiência erótica. Lê-lo até o fim é um desafio, o aprofundar no texto vai nos mostrando uma angústia invencível que penetrou no autor e que se exacerba ao pobre leitor. Sua proposta é mais que sábia: lidar com esses momentos para sairmos mais fortes dele, intuir-lhes a causa e dilacerá-la. A dor, a angústia dão um tom de lucidez à vida, ao contrário do que nosso nobre autor diz. Estar lúcido é desesperar-se, é investigar a si mesmo aos suores de sua dúvida, a normalidade nada tem de lucidez, ainda que nossa mente assim o queira.

Anônimo disse...

Tem um sentido meio dúbio, né? Mas eu, ansiosa que sou e com a mania de perseguição que tenho, me identifiquei!^^
Ah, deixar o meu blog mais leve implica em me desfazer dos slides e da música, mas dá uma dó...rsrsr!

Abraçooo!