sábado, 8 de novembro de 2008

Fragmentos

As pessoas precisam deixar de ser (ou de tentar ser) tolerantes. A tolerância é um sentimento, ou uma prática, que aparenta uma coerção à convivência. O ideal seria as pessoas exercitarem mais a compreensão, pois este é o meio mais construtivo de se tecer relações humanas, visto que, no esforço de compreender-se o outro, nós mesmos ficamos mais compreensíveis.
Naquela rua imunda, que mais parecia a ante-sala do inferno, os seres mais bizarros já vistos jogavam-se uns contra os outros. Tudo o que fazia sentido deixava de ter, nada explicava o poder daquele som dilacerante sobre aquelas almas também sem sentido.
A partir daquele momento, toda a razão a que dava valor abandonei no vômito forçado de vinho. Se a liberdade existe, creio que o que vivi naquela noite é, foi e será (mas do futuro quem sabe...) o mais próximo que chegarei dela.
Uma pessoa que não sabe o que quer da vida, nem do que esperar dela. Sem identidade e sem lugar no mundo. Talvez seja o medo e a limitação que esse lugar daria, talvez o medo da responsabilidade com esse lugar. ¨De antemão, lhe digo: - serei irresponsável.¨ Existem certas coisas que não precisam ser explicadas, e sim vividas. A razão tem seus limites e sua alteridade. Nenhuma razão é igual. A minha, a sua, a dessa pessoa de quem se fala, anônima para o mundo, mas que em sua existência, é o centro de todo o resto. O olhar que percebe, a perspectiva de onde se interpreta. Um amálgama de experiências que cala fundo nessa pessoa que cada um acha que conhece um pouco, mas que nninguém quer perder o tempo em compreender.
E nesse fluxo de palavras, encontra-se um certo alguém, que aqui não se encerra, mas que no momento, é o máximo possível de se dizer.
Não sei o que esperar da vida. Também acho cansativo viver. Mas de que vale reclamar, se ninguém ouve. E de que vale desistir, se vão continuar não me ouvindo. Persistir, ir levando do jeito que dá, é a única saída, torcendo para as coisas um dia adquirirem sentido. Tentar encontrar outras pessoas, daquelas que acham que vale a pena ouvir, que gostam de compreender o que se passa com o próximo. É o que desejo, mas não me vejo como uma pessoa assim. Talvez esteja mau cercado de amigos, talvez seja exigente demais....Sinceramente, não sei. Procuro a versão mais adequada de acordo com o momento, mesmo sabendo que o seguinte não será o mesmo. Não. Não faço isso conscientemente. Tenho consciência de que faço, mas é institivo, instantâneo, incontrolável.
Por isso às vezes, por alguns momentos, desejo a morte. Mas sempre passa, quando, mesmo que por um breve instante, um carinho, um pouco de atenção, uma cena de amor, ou um sorriso fugaz me faz reconhecer que viver não deve ser tão ruim.

Um comentário:

Aleta Valente disse...

E aí João, eu quero te ler...escreve mais vai...escreve logo